sexta-feira, 3 de agosto de 2012

 
 
Acara bandeira
 
 
  Acara bandeira veu


  Marmorato

   negro

 
 
 
 
Por muitos anos, os lojistas brasileiros se preocuparam em conhecer pelo nome cientifico, cada espécie de peixe que se encontrava a venda. Mas com o passar do tempo, esses comerciantes começaram a achar que decorar esses nomes e ter que colocar na cabeça do freguês as sutis diferenças entre machos e fêmeas e entre peixes do mesmo gênero mas de espécies diferentes, era uma perda de tempo, pois muitas pessoas não aceitavam quando o entendido dizia "esse é um Acara-bandeira (Pterophyllum scalare) e aquele é um Acara-dumerili (Pterophyllum dumerilii).
Hoje em dia, qualquer peixe pode ser comprado por outro, isto é, qualquer pessoa pode comprar o Neon-cardinal (Cheirodon axelrodi) e levar o Falso-neon (Hyphessobrycon simulans) simplesmente porque o que difere um do outro, a primeira vista, é a linha horizontal brilhante, que no primeiro termina na nadadeira adiposa e no segundo, vai ate o pedúnculo caudal. No fim de tudo paga-se o alto preço do Neon por um peixe de menor valor. Mas quem disse que o prejuízo sempre cai sobre o freguês? Não, as vezes o lojista, por desconhecer as diferenças, "leva na cabeça". Um bom exemplo é o que ocorre com freqüência com os Acara-discos. 0 Azul (Symphysodon aequifasciata haraldi) é confundido com o Verde (Symphysodon aequifasciata aequifasciata) e o Heckel (Symphysodon discus) com o Azul-real (Symphysodon aequifasciata haraldi var). Somente o conhecedor de discos difere um dos outros. Eu mesma, ao entrar numa conhecida loja do Rio encontrei um Disco-azul-real no meio de muitos Heckel e sabendo da inexperiência do lojista, aceitei a confirmação dele de que aquele Disco era um Heckel. Obviamente, comprei-o e quem saiu lucrando fui eu, uma vez que o Azul-real é, pelo menos, oito vezes mais caro que o Heckel. Esse fato mostra o quanto os peixes do mesmo gênero, mas de espécies diferentes são semelhantes e o quanto os lojistas se desinteressam em conhecê-los.
Espero, com esse trabalho, ajudar um pouco o leigo a separar o "joio do trigo", abordando especificamente a "família" Pterophyllum, uma vez que inúmeros leitores vêem, através de cartas, solicitar um artigo sobre Acara-bandeira.
Vamos primeiro conhecer as espécies que existem e suas variedades, pois muita gente pensa que o Acara-marmorato é uma criação da Natureza.
Em 1953, Leonard P. Schulttz considerou que o gênero Pterophyllum tinha três especies. P. scalare, P. eimekei e P. altum. Em 1967, porém, achou necessário modificar o critério adotado em 1953 considerando a espécie eimekei sinônimo de scalare, tendo como base a recontagem de escamas, raios de nadadeiras e estudo da distribuição geográfica das espécies no "habitat" natural. Por conseguinte, são conhecidas, hoje em dia, três espécies do gênero Pterophyllum:
I) Pterophyllum scalare
II) Pterophyllum dumerilli
III) Pterophyllum altum
Não se pode negar que muitos cientistas consideram apenas uma espécie: o P. scalare. Então temos: P. scalare scalare, P. scalare eimekei e P. scalare altum.
Mas nomenclatura é um assunto polêmico e seriam necessárias muitas páginas para esgotá-lo, por isso, no presente trabalho, vamos adotar a nomenclatura usada por Schulttz.
Como diferenciar uma espécie da outra? Em termos práticos vejamos os desenhos:
Photobucket - Video and Image Hosting


Photobucket - Video and Image Hosting


Photobucket - Video and Image Hosting

Depois de analisar bem as diferenças, podemos dizer que não há mais motivo para enganos. Vejamos agora as variedades que os cientistas e os criadores conseguiram partindo de cruzamentos entre as três espécies.

VARIEDADES DE NADADEIRAS SIMPLES

Acara-bandeira: ouro, marmorato, fantasma, negro, fumaça, meio negro, domino ou meio-meio, albino xadrez.
VARIEDADES DE NADADEIRAS MEIO-LONGAS (SEMI-VÉU)
Acara-bandeira - véu: marmorato, negro, fumaça, meio negro, domino ou meio-meio.
Pterophyllum dumerilli
VARIEDADES DE NADADEIRAS LONGAS (VÉU)
Acara-bandeira-véu: ouro-véu, marmorato-véu, fantasma-véu, negro-véu, fumaça-véu, meio negro, dominó ou meio-meio véu, xadrez-véu.
Obviamente, muitas outras variedades existem devido aos cruzamentos desordenados feitos por criadores que só desejam lucros rápidos, sem se preocuparem com a pureza das variedades criando assim Acaras com pigmentação deficiente, nadadeiras curtas ou defeituosas e peixes fracos que custam a crescer, morrem cedo ou são estéreis.
De um modo geral, o Pterophyllum é venerado em todo o mundo, tendo sido representado em selos, logotipos de lojas comerciais e associações, tendo inclusive um clube próprio nos Estados Unidos, onde o peixe e conhecido pelo nome vulgar de "Angel fish".
Pode-se dizer, com certeza, que todo aquarista tem ou já teve um Acara bandeira em seu aquário, tal a beleza e a popularidade desse exótico membro do mundo aquático.

0 Pterophyllum é originário da região Norte do Brasil, mais especificamente, dos rios Orinoco, Amazonas, Negro e Tapajós, também sendo encontrado nas Guianas.
MANUTENÇÃO DO ACARÁ EM CATIVEIRO
Não há o menor mistério em se manter o Acara-bandeira em aquário uma vez que os que são comumente encontrados nas lojas são produtos de cativeiro.
Normalmente, a pessoa ao escolher um peixe leva em consideração a beleza e o tamanho do exemplar, sem se lembrar de que um peixe grande e adulto é talvez velho e que viverá pouco, além de apresentar grande dificuldade de adaptação.
É muito mais seguro comprar peixes jovens, que viverão no mínimo quatro anos, do que adultos ou idosos que só viverão seis meses ou um ano.
Quando adulto, o Acara atinge onze centímetros (11 cm) medindo-se da boca até o pedúnculo caudal e vinte centímetros (20 cm) da ponta da nadadeira até a extremidade da anal (mais ou menos 3 anos).
De um modo geral, esses peixes quando encontrados em lojas são refugos de criadores e normalmente anunciados assim: "Casal reprodutor - Cr$3.000,00". 0 leigo se apaixona pelos exemplares e paga a quantia, acreditando ter feito excelente negocio, sem saber, no entanto, que aquele casal foi colocado a venda por estar totalmente esgotado não servindo mais para reprodução. Sendo assim, não se deve comprar o “formoso casal".
Se o mesmo é tão bom quanto diz o lojista porque o criador vendeu? A resposta é uma só. Os exemplares estão velhos, esgotados e tem pouco tempo de vida.
Quando se compra um ou mais Acara deve-se ter em mente que sendo peixes de cardume, extremamente sociáveis e de movimentos lentos, são incapazes de entrar em disputa por alimento com Barbos, Tricogaster ou Espada, ficando assim com as migalhas que sobram, quando sobram. Por isso devem ser alimentados separadamente ou mantidos em aquário especifico, o que é melhor.
Um bom aquário para esse peixe deve medir, no mínimo, 128 litros (80 x 40 x 40), por ser ele de grande porte.
A montagem é simples. Um filtro biológico, uma camada de areia com 5 cm na frente e 7 cm atrás, algumas pedras redondas, um pequeno tronco e plantas como a Amazonense, a Valisneria gigante, a Goianense entre outras. Para um aquário nessas proporções, o ideal é usar duas lâmpadas fluorescentes de 20 W (uma comum atrás e uma Gro-lux na frente).
A ALIMENTAÇÃO
Esse exótico ciclídeo não é exigente no que diz respeito a comida, aceitando bem todos os tipos de alimentos.
Uma boa dieta para o Acara deve ser composta de flocos de camarão, Pasta de Gordon, larvas e vermes, carne crua raspada e Artêmia Congelada.
Os Acaras são grande admiradores de alface e é sempre bom ter uma folha dessa verdura flutuando no aquário para evitar que as plantas sejam o alvo das atenções dos famintos peixinhos.
Não se deve esquecer que quanto mais variado for o cardápio mais sadios serão os peixes e por mais tempo viverão.
Temos que levar em consideração também, para um bom desenvolvimento físico, se fazem necessários o controle do pH e do dH, além da temperatura. 0 gênero Pterophyllum vive bem em água mole (de 1 a 3,9 dH) e ligeiramente ácida (pH 6.8). A melhor temperatura para ele varia de 27º.C a 30º.

COMPORTAMENTO
Em comunidade, o Bandeira é excelente companheiro, evitando ao máximo as brigas e as perseguições. Quando um casal resolve reproduzir, aí sim, se tornam agressivos e territoriais, enfrentando qualquer peixe, por maior que seja, na defesa de seu ninho.
Por ser tão pacífico, o Acara vem sendo criado em cativeiro há muitos e muitos anos e até hoje não perdeu as características mais marcantes do seu suave comportamento.
Muitas pessoas nos escrevem perguntando se poderão escolher, numa loja, um casal de Bandeiras e preparar um aquário para a reprodução. 0 comportamento sexual do Pterophyllum é algo bem diferente dos demais peixes que conhecemos. 0 macho escolhe sua companheira e nós nunca podemos interferir nessa escolha.
Por isso, não adianta adquirir um casal e esperar que acasalem. É evidente que, por uma sorte do destino, o macho pode vir a gostar da fêmea e então, ocorrerá o acasalamento, mas não é fácil. 0 mais coerente é adquirir um grupo de seis ou mais exemplares, que no devido tempo se escolherão. Como o Acara é um peixe de desenvolvimento rápido, logo o aquarista terá vários casais acasalados, que uma vez unidos só a morte de um dos dois os separará.
Quando um casal se une e não queremos esse acasalamento, o melhor é separá-los, em dois aquários comunitários diferentes. Os Pterophyllum são monogâmicos, isto é, um casal constituído, uma vez separado, nunca mais seus membros voltam a acasalar com outro que não seu antigo companheiro. Às vezes, um dos cônjuges morre, isto é, entristece de tal forma pela falta de outro que deixa de comer, se afasta do grupo e com o passar do tempo vai "secando" ate morrer.
Já constatei tal fenômeno de fidelidade em minha estufa com um casal de Acara-bandeira-marmorato, que já havia acasalado trinta e duas vezes.
Quando separei-os, por achar que estavam cansados coloquei a fêmea num aquário comunitário e o macho no aquário de Acara-bandeira. Em menos de um mês os dois estavam magros, feios e sem apetite. Juntei-os novamente e a desova ocorreu quatro dias depois. Recuperaram-se totalmente e voltaram a vida reprodutiva normal. Novamente fui obrigada a separá-los por achar que estavam esgotados e tudo aconteceu de novo. Ambos "secaram" sendo que dessa vez a fêmea morreu, semanas depois da separação. Por instinto, raciocínio ou qualquer outro nome que queiram dar, o macho morreu no dia seguinte a morte de sua fêmea e desde então nunca mais ousei separar um casal já acasalado.

REPRODUÇÃO
Ao se pensar em reproduzir um peixe, deve-se ter conhecimento de tudo que se relacione com aquela espécie, procurando suprir todas as necessidades da mesma.

0 primeiro passo é a montagem do aquário que não deve ter areia no fundo nem plantas. Isso, no caso de quem deseja salvar toda a prole e não ter muito trabalho com sifonagens e trocas constantes de água. 0 aquário deve ser de 50 x 30 x 30, no mínimo. No centro, deve-se colocar uma folha plástica, de planta artificial que ornamenta interiores, do formato da folha da Amazonense, isto é, alongada e ligeiramente larga (20 cm de comprimento por 6 cm de largura) presa no fundo, de pé e com uma leve inclinação, por uma pedra. Ali o casal fará a desova.
Um filtro externo com lã e carvão e um bom compressor de ar.

0 casal é colocado e aguardam-se alguns dias até que o ritual comece. Ambos limpam a superfície da folha e iniciam a desova, tendo a fêmea na frente e o macho atrás. Nessa hora, não devem ser assustados, pois poderão devorar os ovos. 0 melhor sistema para salvar um maior numero de alevinos é deixá-los aos cuidados dos progenitores. Em muitos casos, o macho e a fêmea comem toda a desova, mas isto é normal e não deve ser encarado como canibalismo. Trata-se de seleção natural, uma vez que as duas primeiras posturas de uma fêmea "virgem" quase sempre são deficientes, mas, se o costume persistir, deve-se tomar uma das providências abaixo:
a) separá-los temporariamente.
b) alimentá-los antes da desova.
c) separá-los da desova antes que tenha tempo de comê-la.
d) afastá-los da reprodução.
e) deixá-los comer até que um dia desistam e cuidem da prole.

Quando se deseja deixar a desova com os pais se faz necessário o uso de um anti-fungo antes que a mesma se inicie para reduzir o número de ovos afetados.
Após o nascimento, os alevinos tremulam suas caudas desordenadamente no ninho até completarem cinco dias, quando então, começam a cair. Seus pais os apanham com a boca recolocando-os na folha. A partir do décimo dia, os peixinhos começam a ensaiar suas primeiras nadadas, então, o filtro é desligado e substituído por uma pedra porosa. Aos doze dias de nascidos abandonam o ninho nadando em volta da mãe. Daí em diante devem receber Artêmia salina recém eclodida e Microverme.
Trocas parciais de água devem ser feitas durante todo o desenvolvimento dos filhotes.

Aos vinte dias, os pais já começam a se desinteressar pela prole, que já deverá estar bem desenvolvida (mais ou menos 0,5 cm), tendo então que ser separada dos pais. 0 mais correto é transferir o casal para um aquário previamente preparado para reprodução, pois, logo a seguir tornará a desovar.
0 ciclo reprodutor do Pterophyllum é de:
a) 15 em 15 dias - deixando a prole com os pais.
b) 7 em 7 dias - retirando a desova antes da eclosão (incubação artificial).
0 segundo método esgota rapidamente o casal e só devera ser usado por aquarista experiente, por ser difícil manter os ovos sem que se deteriorem.
É evidente que o ciclo varia vez por outra, dependendo de cada individuo, por isso é normal um casal desovar de 30 em 30 dias.

ALIMENTAÇÃO DOS ALEVINOS

Como já foi dito anteriormente, a primeira refeição dos jovens Acaras e constituída de náuplios de Artêmia salina. Esse pequeno crustáceo será dado até que os peixinhos completem dois meses de idade, quando poderão comer alimento seco, carne crua raspada, etc.
Os vermes, como a Enquitréia, o Microverme e o Tubifex poderão ser fornecidos duas vezes por semana, conforme o desenvolvimento físico do filhote. Jamais deve-se alimentar um peixe pequeno com um verme grande, pois ficará com sérias dificuldades para engolí-lo, o que causa asfixia, levando-o à morte.
Quando começam a ficar com formato definido de Acara, estágio este chamado por nós criadores de "estrelinha", pelo fato dos jovenzinhos ficarem parecidos com estrelas, devem receber um cuidado todo especial e uma alimentação cuidadosamente equilibrada para evitar mortalidade, muito comum nesse período.

Os Acaras comerão Artêmia até completarem um ano de idade, sendo, nessa época, a Artêmia congelada.

DIMORFISMO SEXUAL
Muitas pessoas não conhecem as diferenças entre macho e fêmea nos Pterophyllum e muitos pensam que sabem. Na verdade é muito simples, vejamos os desenhos:
1) Exemplar macho jovem
a) distancia pequena entre as pélvicas e o início da nadadeira anal
Photobucket - Video and Image Hosting
2) Exemplar macho adulto
b) distância menor das nadadeiras pélvicas até o início da nadadeira anal. Órgão reprodutor masculino, em forma de tubo (nem sempre aparente).
Photobucket - Video and Image Hosting
3) Exemplar fêmea adulta
c) órgão sexual feminino, em forma de flor.
d) distância grande das nadadeiras pélvicas até o início da anal (quase um ângulo de 90 graus)
Photobucket - Video and Image Hosting
Outras diferenças são conhecidas porém variam muito e não se pode confiar.
Normalmente, os machos são finos, esbeltos quando vistos de frente e já as fêmeas são o oposto.

DOENÇAS MAIS COMUNS E MEDIDAS DE PROFILAXIA.
0 gênero Pterophyllum é extremamente resistente a parasitas e fungos, mas, algumas doenças afetam com constância esses peixes. São elas:
1 – Exoftalmia – sintomas: olho dilatado, opaco ou leitoso, peixe se afasta do grupo, porém, não perde o apetite.
Tratamento: Quemicetina (250 mg), um comprimido para cada cinco litros. Trocar 1/3 da água e repetir o tratamento até que desapareçam os sintomas.
2 - Fungo no corpo – sintomas: pequenos "flocos de algodão" em determinado local do corpo.
Tratamento: Mercúrio cromo aplicado no local com auxilio de cotonete, uma vez por dia até desaparecer por completo.
3 – Íctio – sintomas: pequenos pontos brancos espalhados nas nadadeiras e por fim, no corpo.
Tratamento: Mercúrio cromo, uma (1) gota para cada quatro litros de água durante 48 horas e elevar a temperatura para 28º. Trocar 1/3 da água e repetir tratamento.
CONCLUSÃO
Seria muito bom se alguém se importasse com a pureza e a qualidade dos Acaras-bandeira. A miscigenação está acabando com os magníficos exemplares existentes no Brasil e povoando os aquários caseiros com seres estranhos, de pigmentação desordenada, sem nenhuma característica marcante, significando, verdadeiros "Ets".

Vamos procurar acasalar Acara-negro com Acara-negro e não Acara-negro com Acara-Dourado ou com o marmorato, ou com o fantasma. Esse é o nosso dever, melhorar cada vez mais nossos peixes.

2 comentários:

  1. Olá! Tudo bem?
    Tenho um aquário comunitário onde tenho um Acará Véu. Você sabe se posso colocar uns 2 caranguejos juntos com ele?

    Obrigado..

    Anderson

    ResponderExcluir
  2. Amigo. Preciso com urgência de sua ajuda. Tenho dois acaras. É uma longa história a aquisição deles. Me ajude. . Qual é macho ou fêmea. http://www.aquaflux.com.br/forum/viewtopic.php?f=63&t=25795&p=322749#p322749

    ResponderExcluir