sexta-feira, 3 de agosto de 2012

                                           PACU (PIARACTUS MESOPOTAMICUS)








     

                 
      
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É um desafio reproduzir um peixe, sendo para tanto necessário entendê-lo, observá-lo e oferecer-lhe as condições de que necessita para sobreviver e reproduzir. O processo de Hipofisação é um orgulho da ictiologia brasileira, tendo sido proposto pela primeira vez por Rodolpho T. W. G. von Ihering e colegas em 1935 no Congresso Internacional de Fisiologia na Russia, que se caracteriza principalmente em induzir os peixes considerados de piracema à desovar em ambientes totalmente adversos aos da Natureza.
Sabemos que a Natureza nos proporciona grandes ensinamentos e observamos que nas regiões Norte e Centro Oeste, durante as estações das cheias, temos um aumento considerável no nível das águas, que recebe uma enorme quantidade de partículas constituídas de terra, folhas, mudando assim a química da água e iniciando um processo que conhecemos por "piracema", quando nestas condições os peixes se excitam à migrarem em direção às cabeceiras dos rios. Instintivamente, os peixes de piracema sabem que subindo o rio encontrarão melhores condições para o desenvolvimento de seus descendentes e a viagem começa.
Durante a jornada, os peixes praticamente não se alimentam, sendo obrigados à utilizarem suas próprias reservas, sob a forma de gordura. Este considerável esforço físico, pois as vezes os peixes tem até que escalar grandes cachoeiras, provoca a produção de ácido láctico, responsável pela maturação final das gônadas (testículos e ovários). Chegando nas áreas de desova, grandes lagos tomados pela enchente do rio, as fêmeas soltam os ovos que são imediatamente fecundados pelo esperma ativo dos machos.
As águas destes lagos, sendo ricas em plâncton, proporcionarão ótimos habitats para os recém nascidos. Este processo reprodutivo pode ser observado nos Pacus, e em muitas outras espécies de piracema e curiosamente estes peixes não se reproduzem de outra forma, em tanques de águas parada ou ligeiramente movimentada, a não ser que adotemos o Processo de Hipofisacão, pois as águas desses tanques não vão sofrer mudanças físicas e químicas e nem o peixe produzirá o ácido láctico pois não acontecerá o esforço físico de subir o rio. Portanto, a aplicacão de hormônios para induzir a maturação das gônadas deve ser realizado.
Relataremos à seguir, as observações e experiências feitas por Luiz Fernando Galli, quando das primeiras desovas do Pacu-guaçu obtidas na Estação de Piscicultura da Usina Mário Lopes Leão, em Promissão, São Paulo em janeiro de 1986. Foi obtido 50000 alevinos de 3 fêmeas (de 4 a 4,5 Kg) e 6 machos (3,5 a 4 Kg selecionados entre 57 Pacus capturados). Os reprodutores ficaram num tanque de 10 metros de diâmetro, com renovação constante de água. Foram selecionados os melhores para a Hipofisação. O Lote de 9 reprodutores (3 fêmeas e 6 machos) foi transferido para os aquários do Laboratório, cinco horas antes do início das injeções de hormônios, para que os peixes se acalmassem no novo ambiente
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As injeções foram preparadas à base de Pó de hipófise de Salmão seco em acetona (Preparado pelo Laboratóno Syndel – Canadá) misturado com soro fisiológico (0,5 à 1 cc/peixe) e macerado em gral. Após a centrifugação da mistura, o extrato sobrenadante foi aplicado em injecões de 0,5 a 1 cc por peixe, na base das nadadeiras peitorais. O Pó de hipófise foi adotado à base de 5 mg de pó/kg de peixe macho (1º aplicação) e 10 mg de pó/kg de peixe macho (2a. aplicação, 6 horas depois). Nas fêmeas, utilizou-se 5mg de pó/ kg de peixe (1a. aplicação) e 20 mg de pó/kg de peixe na 2a. aplicação, 6 horas depois.
Não ocorreu nenhuma desova até 18 horas da 2a. injeção. As fêmeas foram então transferidas para um tanque de 2 x 5 m, onde ficaram 15 dias, quando novamente foram recolhidas para o Laboratóno para uma 2a. indução à desova, com novos machos, repetindo-se as dosagens da 1a. Hipofisação. Sucesso total... Os vidros dos aquános foram cobertos externamente com plástico preto para evitar o Sol e as pessoas que passavam pelo local. 12 horas após a 2a. aplicação, os reprodutores começaram a se movimentar com maior intensidade, indicando a desova. 3 horas após deu-se a desova, as 3 fêmeas produziram 200.000 ovos. 1 hora após, os ovos foram transferidos para as incubadoras livres, com renovação de água constante. Ficaram 25 horas até a eclosão.
Após a eclosão, as larvas foram transferidas para 4 caixas de amianto de 1000 litros (com compressor de ar + pedra porosa + aquecedor + termostato (25º C). Absorveram o vitelo em 5 dias e as larvas ficaram por mais 5 dias no fundo do tanque, paradas.
A transferência para o tanque de engorda (10 x 20 m) foi uma questão de dias, tanque assim fertilizado para receber os pacuzinhos 10 dias antes da adubação orgânica e mineral foi distribuído pelo tanque, à lanço. 40 kg de calcário dolomítico. Antes do enchimento do tanque, foi distribuído também à lanço, 15 kg de Esterco de galinha, 40 kg de esterco de curral, 15 kg de sulfato de amônia e 2 kg de superfosfato triplo. Como observação, salientamos que a adubação deve ser feita sempre pelo menos 20 dias antes da estocagem de larvas e alevinos. Além do plâncton produzido naturalmente através da adubação, os alevinos receberam ração complementar para acelerar o crescimento, composta de: 10g de ração em pó para trutas (com 46% de proteína bruta) durante o 1.º mês de vida e ração triturada (com 46% de proteína bruta) na base de 2% do peso do peixe, durante 5 dias por I semana, no 2.º mês.
Os alevinos que atingem de 5 a 7 cm já possuem tamanho adequado para serem comercializados e distribuidos em reservatórios e açudes. Em Promissão, os alevinos de 45 dias atingiram de 5 à 10 cm e ficou muito bem observada que as caixas de 1000 litros devem ser bem oxigenadas principalmente do 5.º ao 10.º dia de vida das larvas
A evolução da Piscicultura certamente está fundamentada na transferência de experiências entre pesquisadores e criadores e o processo de Hipofisação lá é uma realidade científica. Desenvolva-a...

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